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Teatro dos Aloés - OS GUARDAS DO MUSEU DE BAGDAD

24 março 2006, 21H30

"Samir - Tens a certeza que o teu jardim não está hoje coberto de areia? Sabes, quando chegou a minha vez de ir conhecer o mundo, eu também fui. E espantei-me. E voltei cheio de ideias. Também quis semear muita coisa. Mas o vento foi trazendo areia. Todos os dias. E todos os dias eu tirava a areia com as minhas próprias mãos e muitas vezes sozinho. E o vento voltava a soprar e a trazer areia. O vento era constante e mais forte do que eu. Então pensei que talvez fosse mais inteligente não ter um jardim e ter outra coisa que não me obrigasse a lutar contra o vento e contra a areia, durante a vida inteira. Não é difícil ter ideias, difícil é concretizá-las. Não te esqueças que o vento e a areia vão ser uma constante das nossas vidas e que mais vale alguma coisa que nasça na areia e resista ao vento, mesmo que não seja o melhor jardim do mundo. Aceita isto como um bom conselho.”

Durante a ocupação de Bagdad funcionários do Museu permanecem no interior do edifício na tentativa de proteger as obras lá encerradas. O conflito continua no exterior e os homens que lá permanecem começam a colocar a questão da prioridade da defesa, as obras de arte como património da humanidade ou as famílias abandonadas à sua sorte, a liberdade e as pessoas concretas e reais. Conflito dos intelectuais prisioneiros do mundo das artes, seus vínculos e compromissos e a sua incapacidade de agir no mundo real. Metáfora da cultura do património, da cultura da consciência e da inutilidade da cultura que não se relaciona com as pessoas tornando-as mais felizes.

Autoria José Peixoto
Encenação José Peixoto
Cenografia e Figurinos Ana Brum
Música Luís Cília
Iluminação Carlos Gonçalves
Grafismo João Rodrigues
Cabelos e Maquilhagem Kiko Sarmento
Fotografia Aurélio Vasques
Interpretação Elsa Valentim; Jorge Silva; José Peixoto; Leonor Cabral

 

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