Era mesmo o início de tudo. Naquela altura apenas os animais falavam e os homens vieram montados em cavalos marinhos que voavam por cima das ondas do mar. Todas as ondas do mar terminavam numa ilha, na praia onde residiam as pegadas da menina azul. No céu daquela praia, viajava o Sr. Açor que levou os marinheiros cavaleiros até ao ninho da menina. Com ela, os homens aprenderam a rir e a cantar, pois isso eram as únicas coisas que ela sabia fazer. Também ensinaram a menina azul a falar e a brincar e gostavam de ali viver. Cultivaram aquela terra verde, e lá, na terra onde todos os dias nasciam crianças a rir, as mulheres e os homens eram muito felizes. E tudo corria com tranquilidade até que, numa noite muito escura, sem sol nem lua, se ouviu um grande trovão vindo do interior da terra e uma gruta muito funda começou a chorar lágrimas de fogo. Os homens aprenderam a ter medo e a chorar, e, com as crianças, foram esconder-se debaixo do grande ninho da menina azul que lhes ensinou a canção de embalar o monstro do fogo. No dia seguinte tudo era negro, triste, queimado e desfeito. Então os homens tentaram reconstruir, com alegria, as suas vidas. Mas algo tinha mudado naquela terra. Do interior do vulcão tinham vindo os homens cabeça de fósforo e roubaram os melhores anjos aos homens: o Tempo e a Felicidade. E os homens marinheiros-cavaleiros-semeadores ficaram sem tempo para serem felizes. Apenas as crianças e a menina azul poderiam recuperar os anjos roubados. Criação e estreia “A Menina Azul” é uma metáfora sobre a história da formação e do Povoamento dos Açores. “A Menina Azul” foi criada originalmente para responder ao convite da Câmara Municipal da Povoação e ao objectivo de contar a história daquele concelho a todas as crianças do 1º ciclo do Ensino Básico. Estreou no dia 20 de Junho de 2006, na Povoação.
Criação Descalças
Interpretação Maria Simões e Teresa Gentil
Música Teresa Gentil
Produção Sara Seabra