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Teatro Negro de Praga

10 e 11 junho 2005, 21H30

A exclusividade do Teatro Negro Nacional de Praga arranca na combinação de actores vivos e efeitos especiais, procedimentos criativos e técnicos. O efeito básico no teatro negro é muito antigo. Foi descoberto na China, onde o imperador se entretia com os seus actores desta forma. Desde ali fez-se popular no Japão sendo utilizado no Teatro de marionetas de Bunrak. George Meliés filmou os seus efeitos especiais utilizando a técnica da luz negra no final do século XIX e princípio do século XX. Nos anos 50 George Lafaye é reconhecido como o pai do Teatro Negro ao manipular marionetas usando actores vestidos de negro.

Mas para que o efeito da luz negra se converta em base suficiente de uma representação teatral completa, era necessário levantá-lo sobre os procedimentos do palco standard ao princípio da representação, de forma que o efeito deixasse de ser um mero meio de comunicação e se convertesse na base essencial do espectáculo. Isto dá uma nova linguagem independente que ultrapassa as barreiras da comunicação. A linguagem está baseada em símbolos visuais criativos, metáforas de cena e música emocional. O Teatro Negro Nacional de Praga aportou um grande número de elementos novos na poesia da caixa negra. Uma cuidada selecção de tópicos com um intenso trabalho com a história, a situação dramática e a acção ao vivo. A companhia começou a utilizar mecanismos de palco patenteados que capacitam ao actor voar, contrair-se ou desaparecer diante dos olhos do público. O trabalho dos actores une-se a um grande écran de projecção, marionetas gigantes, máquinas especiais e efeitos de computador. É esta perfeita simbiose de elementos artísticos e técnicos e a excepcional visualidade da representação a chave do êxito do Teatro Negro Nacional de Praga.

Dom Quixote 
400 º Aniversário - 1605 - 2005

Há mais de 10 anos que o Teatro Negro de Praga faz tournées pela Europa com espectáculos (Alice no Pais das Maravilhas, Gulliver...) frequentemente baseados em conhecidos heróis literários. Dentro dessa mesma tradição, o Teatro Negro de Praga apresenta agora uma versão de D. Quixote coincidente com o seu centenário, o quarto desde a publicação da primeira parte do livro, aparecida no início de 1605.

Será, apesar da previsível apoteose cervantina de 2005, um Quixote peculiar: peculiar porque as características do teatro negro, com o efeito mágico provocado pelas suas técnicas interpretativas, fazem dele um espectáculo distinto; mas peculiar também porque, pela primeira vez, o Teatro Negro de Praga incorpora na representação o uso da palavra: aos cinco intérpretes checos antepõem-se em primeiro plano da cena dois actores espanhóis que desenvolvem uma acção dramática e uma voz em off realiza em determinados momentos breves citações textuais de Quixote. Um importante suporte audiovisual configura-se aliás como terceiro elemento do espectáculo: o contraponto do mimo e diálogo conjugam-se bem como com a montagem de imagens e o apoio musical.

Há nesta visão de Quixote, por um lado, um alegórico pretexto argumental sobre o livro que se imprime e, por outro, uma recreação estilizada das suas passagens mais representativas, uma evocação desse mundo quixotesco, tão rico em significados, como impressão que se sugere com motivo do aniversário que se comemora.

Graças à expressiva estética do Teatro Negro de Praga, que fez a sua linguagem tão universal, o espectáculo dirige-se aos mais amplos sectores de público. Será estreado em Toledo, em meados de 2005, para empreender a continuação da tournée por Espanha e Portugal.

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