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Amaramália

Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo

28 and 29 October 2004, 21H30

“O fado nasceu a bordo, aos ritmos infinitos do mar, nas convulsões dessa alma do mundo, na embriaguez murmurante dessa eternidade da água.” Pinto de Carvalho in História do Fado As hipóteses sobre a origem do Fado são muito diversas. Para uns, as suas raízes estão no Oriente e nas canções dos escravos levados para o Brasil, para outros, nasceu ao ritmo murmurante das vagas e foi depois cantado por marinheiros nos Cais de Lisboa. Escolho a segunda versão, gosto desta imagem de um Fado nascido no alto mar. No entanto, o que me importa é a verdade emocional e a força dramática com que chegou até nós.

AMARAMÁLIA: vejo-o numa projecção imaginária como se de uma cerimónia sem tempo e personagens definidas se tratasse. O seu espaço tanto pode ser a geometria obscura das vielas e das tabernas de Lisboa, habitada na penumbra das noites sem luar, como uma janela debruçada sobre a claridade de um lugar sem nome. É uma visão estritamente poética. E é, justamente, a expressão poética, como fio condutor, que me guiará nesta nova versão coreográfica.

AMARAMÁLIA: Este meu fado será, sobretudo, uma homenagem à voz que o tornou universal: a voz de Amália que se fez lamento, dor e pranto do nosso povo. Vasco Wellenkamp O TEMA Foram três versões sobre o mesmo tema. O processo de trabalho com cada uma das Companhias, foi idêntico em tudo: os fados escolhidos foram inscritos numa malha musical formada por uma colagem de diversos compositores. Cada fado da trilogia deu lugar, na sua aparência coreográfica, à expressão de um sentimento de vida incerta: a tristeza, a separação, a estranheza, as flutuações do destino e das paixões humanas. Marcado pelo espírito de cada poema, o discurso coreográfico resultou, nas suas múltiplas variações, tendencialmente dramático. A coreografia, livre da ilustração, abandonou-se à emoção da voz de Amália, como matéria-prima do seu sentido e da sua própria poética.

Vasco Wellenkamp

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